quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

RELATÓRIO/BAIRRO INDUSTRIAL

RELATÓRIO DA AULA PRÁTICA REALIZADA NO BAIRRO INDUSTRIAL
NA CIDADE DE ARACAJU

Alunos graduando em geografia licenciatura - UFS:  Adeilton dos Santos
Antonio Carlos de Oliveira Santos
Emanuel Pinto Lessa
Eugenio Santos Bezerra
Hewton Cirilo Teles
Jose Alberto de Moura
Marcio Sousa Silva Dantas

INTRODUÇÃO

À época em que a capital de Sergipe estava de mudança de São Cristóvão para Aracaju, o núcleo urbano da atual capital se situava ao norte, numa região mais elevada topograficamente, mais precisamente na colina de Santo Antônio, onde se desenvolvia o antigo e pequeno povoado de Santo Antônio do Aracaju.
Entre o sopé da colina e o rio Sergipe encontrava-se uma faixa de manguezal e outra habitada por esparsas moradias, e pequenas construções de pessoas ligadas, principalmente à pesca e a navegação; esta era a paisagem que prevalecia em meados do século XIX do espaço urbano hoje denominado de Bairro Industrial.

Após a fundação de Aracaju, em 1855 percebeu-se a necessidade de uma ligação terrestre entre o povoado já existente e a nova capital ao sul; foi quando, em virtude da presença de terras baixas e alagadas neste espaço intermediário, tornou-se imperiosa a instalação de uma faixa de aterro para a conseqüente construção da Av. João Ribeiro.

Com a instalação do Porto de Aracaju nas imediações desta nova avenida, um anel ferroviário foi estruturado para o acesso ao Porto de mercadorias e pessoas (passageiros marítimos), a Alfândega e o Mercado Central aumentaram consideravelmente o fluxo migratório de mão-de-obra, fixa ou transitória, para atender à demanda comercial portuária.

Consideravelmente a paisagem do Porto mudava: novas construções, moradias, ruas, becos e vilas, se disseminavam inclusive no Bairro Industrial, de forma predominantemente espontânea (não planejada). Dentro deste contesto, não demorou muito para que o Bairro Industrial justificasse o nome que adquiriu, deixando uma característica de “colônia de pescadores” para se tornar o principal pólo industrial de Aracaju por muitos anos.

Nos primeiros anos da Cidade de Aracaju, a localidade onde se encontra o atual Bairro Industrial era chamada de Maçaranduba. Com o tempo passou a chamar-se Chica Chaves, que segundo Fernando Porto, era uma senhora muito relacionada na sociedade aracajuana, proprietária e residente num sítio na parte norte da cidade, que era bastante frequentado por pessoas de destaque.

Com a chegada das Fábricas de Tecido, Sergipe Industrial em 1884 e Confiança em 1907, tornou-se conhecido como Bairro Industrial. Ficou conhecido também como O Tecido. Em 20.12.1913, no governo do General Siqueira de Menezes, o nome foi mudado para Bairro Siqueira de Menezes. O nome não vingou e a população voltou a chamar de Bairro Industrial.

A Fábrica Sergipe Industrial foi criada em 15 de fevereiro de 1882 por João Rodrigues. Com sua morte passou a ser administrada em 1884 por Thomaz Cruz(Família Cruz), J osé Augusto Ferraz e seu filho Thales Ferraz, Engenheiro Têxtil formado em Manchester, Inglaterra. Thalez Ferraz criou e manteve uma grande área de lazer para os operários e sua famílias, denominado Parque Sergipe Industrial, o qual possuía cinema e teatro, além de palco para apresentações musicais.

A Fábrica Confiança, fundada em 18 de outubro de 1907 pelo Coronel Sabino José Ribeiro, foi à segunda do Setor Têxtil em Aracaju. Sob o nome de Ribeiro Chaves & Cia., a Fábrica possibilitou a concessão de benefícios sociais aos operários e familiares como: casas (Vila Operária), assistência médica (Policlínica Operária Sabino Ribeiro), creches e uma Associação Desportiva.

 A SEGREGAÇÃO ESPACIAL

Com a iniciativa privada na construção de fabricas de tecelagem, em Aracaju houve a necessidade de uma vila de operários próxima às fabricas, até para que se pudesse ter o controle dos funcionários, sobre o que eles andavam fazendo. No início as vilas a beira do rio Sergipe eram as menos vista pela população e à medida que adentrava para o centro do bairro tinham as casas mais privilegiadas. O bairro mais antigo da cidade, a beira do rio Sergipe, teve início com o processo de industrialização onde algumas indústrias, sobretudo, de tecido se instalaram nessa região.

Este bairro vem passando ao longo do tempo por um processo de segregação espacial que teve início com suas fábricas, nas quais o espaço começa a ser dividido de acordo, com a renda familiar daquelas pessoas que ali trabalham. Observa-se que os trabalhadores mais bem remunerados tinham suas residências construídas nas zonas próximas as fabricas e aqueles funcionários menos remunerados acabam morando na sua zona periférica.

Com o crescimento da cidade, o bairro também cresceu, surgindo assim diversos outros bairros e loteamentos ao seu redor contribuindo assim, para um processo de conurbação onde diversos outros bairros acabam se integrando a ele perdendo dessa forma os seus limites originais. Bairros como Porto Dantas, Manoel Preto, Palestina e o próprio bairro Santo Antônio acabam unificando-se devido o crescimento desordenado que vem ocorrendo ao longo do tempo.

Visualiza-se ainda, que à medida que os diferentes bairros se integram passa a ocorrer um processo de segregação espacial onde, ao decorrer do tempo famílias com menor poder aquisitivo são empurradas para as zonas periféricas desses núcleos habitacionais contribuindo ainda mais para a seletividade espacial.

 A Fábrica Confiança, fundada em 18 de outubro de 1907 pelo Coronel Sabino José Ribeiro, foi à segunda do Setor Têxtil em Aracaju. Sob o nome de Ribeiro Chaves & Cia., a Fábrica possibilitou a concessão de benefícios sociais aos operários e familiares como: casas (Vila Operária), assistência médica (Policlínica Operária Sabino Ribeiro), creches e uma Associação Desportiva.
                                                                                                                                                  
Com o passar do tempo às margens foram sendo ocupadas por pescadores que tinham seu sustento tirado do Rio Sergipe. Na atualidade com a ação do Estado na construção da Orla do Bairro Industrial há uma tentativa de enobrecimento do espaço para as elites, afastando os pescadores do local, ocorrendo uma segregação sócio - espacial a fim de tirar proveito do local para o turismo.

A criação da Orla vem trazendo uma nova área nobre empurrando a população mais pobre para o centro do bairro, tornando um local para pessoas de poder aquisitivo mais elevado freqüentar, e a construção da ponte Aracaju - Barra dos Coqueiros também influencia para uma segregação residencial com a valorização dos imóveis próximo a ponte.

A segregação residencial pode resultar também de uma ação direta e explicita do Estado através do planejamento, quando da criação, a partir do zero, de núcleos urbanos (CORRÊA, 1981 pág.).

 Os grupos sociais excluídos foram praticamente forçados a deixarem seu local de moradia para a construção da orla e posteriormente com a construção da ponte tornando como já foi dito antes, um local onde a utilização para o consumo é seletivo, com isso, a maior parcela da população não pode consumir o espaço, não pode comprar uma moradia e tem que conviver em barracos, com uma qualidade de ensino baixo.

 ATIVIDADE TURÍSTICA

O bairro Industrial é um bairro com várias feições e contrastes sociais, e com um grave problema relacionado a atividade econômica turística, que vem desde a sua criação desencadeando uma segregação da sua população.
A criação da ponte, construtor “João Alves” que teve como objetivo a expansão do turismo para o Litoral Norte sergipano, e facilitar o acesso para o desenvolvimento do município de Barra dos Coqueiros, porém, é no Litoral Norte onde se encontra grandes áreas de preservação ambiental um exemplo é a reserva de Santa Isabel entre Pirambu e Pacatuba.

Ao mesmo tempo em que a construção da ponte iria trazer alguns benefícios para a população, como a Urbanização da Orlinha do bairro Industrial, em contrapartida trouxe vários problemas: “expulsão” de alguns moradores em conseqüência da construção, ocupação irregulares às margens do rio Sergipe resultante do baixo poder aquisitivo de cidadãos que migram de outros “territórios” com o objetivo de  resolver questões administrativas, de saúde, trabalho, escola, e lazer.

 Considerado um dos cartões postais de Aracaju, a ponte desencadeou uma supervalorização imobiliária adaptada ao capital de classe, onde o espaço urbano produzido adquire um campo constante de lutas e de consumo.

O urbano produzido através das aspirações e necessidades de uma sociedade de classe fez dele um campo de luta onde os interesses e as batalhas se resolvem pelo jogo político das forças sociais. O urbano aparece como obra histórica que se produz continuamente a partir das contradições inerentes à sociedade (CARLOS,111 PÁG 71),.

Algumas áreas do bairro industrial sofreram o processo de segregação social. A população residente passou a vivenciar o problema de falta de moradia devido aos altos preços do metro quadrado, e à elitização de apartamentos com taxas, e juros altos. O que segundo Corrêa na sociedade capitalista não há interesse das diferentes frações do capital envolvidas na produção de imóveis em produzir habitações populares. Dessa forma a população que foi sendo segregada opta por áreas insalubres em torno do bairro como, a invasão da Matinha, Coqueiral, Bairro Porto Dantas e o Japãozinho, que não possuem estruturas de saneamento básico para a comunidade.

A orlinha do Bairro Industrial é um fator interessante a ser analisado devido a sua urbanização não ter ocorrido em toda parte, mas  pode ser visto pelo fato da outra parte da orlinha ainda não urbanizada está mais próximo da invasão da Matinha, e dessa forma para a atividade turística não se tornaria viável levar turistas para áreas próximas a invasão devido ser uma área com uma maior suscetibilidade ao vandalismo.

É na produção favela, em terrenos públicos ou privados invadidos, que os grupos sociais excluídos tornam-se, efetivamente, agentes modeladores, produzindo seu próprio espaço, na maioria dos casos independentemente e a despeito dos outros agentes. A produção deste espaço é,antes de mais nada, uma forma de resistência e, ao mesmo tempo, uma estratégia de sobrevivência. (CORRÊA, 1981 PÁG.30)

Outro fator evidente é que a população que habita no Bairro Industrial freqüenta mais os estabelecimentos na área não urbanizada, isso devido a valor econômico de consumo do “espaço” onde o público da parte urbanizada seja participante de grupo com um poder aquisitivo maior. Um “city tour” pela cidade planejará roteiros que incluam a Orlinha do Bairro Industrial com uma parada ou visita do local, na sua parte urbanizada; porém, o foco da visita estará na “bela” vista da ponte.

 Nos dias atuais, com os investimentos dos setores privados imobiliários na região, vem ocorrendo uma ocupação de antigos terrenos destinados a moradias e fábricas por condomínios fechados. Isso acaba valorizando os outros imóveis já existentes no local.

Com a consolidação do modo de produção capitalista, o crescimento urbano – a arquitetura e a paisagem - passa a se dar de forma diversificada. As novas paisagens as “cores”, as novas técnicas de construção e novos produtos da revolução industrial revelaram outra perspectiva em relação ao conceito de habitação. (MACHADO,1998: 67)

 O Estado propicia condições favoráveis, através da urbanização para que eles se instalem. Essa urbanização decorre em grande parte da pressão que os grandes construtores exercem sobre a organização espacial por força do capital, onde o Estado por sua vez tem interesse nessa ocupação, para que a cidade seja “preenchida” por elementos de edificações estruturais, que assuma características e funções típicas dos processos de urbanização de uma cidade.  


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS



CARLOS, Ana Fani A. A cidade.  6 ed.  São Paulo:  Contexto,  2001.   (Repensando a Geografia).
CORRÊA, Roberto Lobato. O Espaço Urbano. Ática, São Paulo, 1981.
____. Trajetórias Geográficas. Bertrand Brasil. 2ª Edição. Rio de Janeiro, 2001.
SPÓSITO, Maria Encarnação Beltrão. Capitalismo e Urbanização/ Maria Encarnação Beltrão Spósito. 11 ed. – São Paulo: Contexto, 2001
MACHADO, Anselmo Belém. O espaço construído do “Bairro” Jardins: Estratos sócio econômicos e ilha de segregação (I), Informe: UFS  23/10/2000.
WEBGRAFIA
http://aracajuantigga.blogspot.com/2009/09/o-bairro- industrial.html

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