quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

RELATÓRIO/BAIRRO JARDINS


RELATÓRIO DA AULA PRÁTICA REALIZADA NO BAIRRO JARDINS
NA CIDADE DE ARACAJU


Alunos graduandos em geografia licenciatura - UFS: Adeilton dos Santos
Antonio Carlos de Oliveira Santos
Emanuel Pinto Lessa
Eugenio Santos Bezerra
Hewton Cirilo Teles
Jose Alberto de Moura
Marcio Sousa Silva Dantas



O bairro Jardins foi compreendido como um “quadriculado segregado” das demais partes da cidade. Os promotores imobiliários atuam na promoção de altos investimentos financeiros, para por meio de propaganda de uma vida tranqüila e de qualidade, exercer certo controle da produção espacial urbana. Para os detentores dos meios de produção, o lucro é o objetivo principal a ser alcançado com os tipos de empreendimentos residenciais ou lotes urbanos. Que à medida que se vai esgotando os espaços, ocorre uma verticalização; e esta por sua vez proporciona aos seus moradores uma vida, dinâmica e repleta de obrigações sociais.

A estrutura predial nesse território de consumo exerce influências nas diversas atividades econômicas e principalmente a de serviços, onde se tornou um atrativo para pessoas de classe pobre desempregada que vai a busca de oportunidades de trabalho do tipo: empregada doméstica, jardineiro, faxineiro (a), lavador de carros, eletricistas, encanadores, serviços de entrega. Estas funções na maioria das vezes não atendem aos requisitos constitucionais do trabalho.  Não podemos esquecer-nos da importância agregadora do bairro de empresas de ramos diversos de atuação, de instituições bancárias e serviços, de escolas, de lazer e de consumo, como é o caso do shopping.

Transformar o capital investido em lucro, nas cidades urbanas desencadeia uma elitização de áreas tidas anteriormente como desvalidas ou de proteção ambiental, é o que ocorreu em parte do bairro Jardins, onde mangues foram aterrados em nome de uma política residencial de classe privilegiada como podemos citar MACHADO (2000), o bairro Jardins tornou-se uma região de consumo geral da classe média de Aracaju, embora a classe privilegiada também freqüente esta área. Pessoas com maior poder aquisitivo, residem em seus condomínios luxuosos como se fossem “mini-cidades” dentro de outras, dispondo de sistemas de segurança eletrônica, seguro residência, carros com alarmes e travas elétricas, guarita nos condomínios, serviços de compras e vendas pela internet e telefone, ar-condicionado e etc..

“A atuação espacial dos promotores imobiliários se faz de modo desigual, criando e reforçando a segregação residencial que caracteriza a cidade capitalista. E, na medida em que em outros setores do espaço produzem conjuntos habitacionais populares, a segregação é ratificada” (CORRÊA, 1981 p. 23,24)
Dentre vários aspectos da temática sugerida, optou-se neste trabalho por enfocar também a relação entre ocupação urbana e fragilidade ambiental. Na capital sergipana esta relação se revela de modo mais notório através da ocupação humana no ecossistema manguezal; onde podemos ver claramente essa ocupação no bairro jardins. Atualmente a maior expressão desse estrato ambiental, posto que, foi construído sobre o antigo Parque Tramandaí, hoje de reduzida extensão e sobre a denominação de Parque Ecológico Tramandaí.

Essa porção da cidade constitui uma área de intensa especulação imobiliária, à razão de se manter uma pequena porção do manguezal como área de preservação ambiental; é manter um parque ecológico para servir como extensão do esgotamento sanitário, amenizando o impacto visual dos esgotos num bairro nobre; e inspirar a idéia de respeito à natureza, inclusive respaldado pela emissão de certificados de qualidade ambiental às empresas imobiliárias. Fazendo com que a questão ambiental sofra comodismo, de morar próximo ao manguezal tornou-se “ecologicamente correto”.

No entanto, as questões levantadas fazem perceber como o bairro jardins cresceu sem um respeito meio ambiente. Seu solo foi e tem sido esquadrinhado de acordo com as necessidades da população de uma forma geral e dos grupos econômicos em especial. Os danos aos manguezais são uma responsabilidade abrangente, não de um grupo isolado, embora a detenção de poder econômico e político representem uma verdadeira ferramenta para intervenções urbanas mais intensas, sobretudo em tempos recentes, onde essas ações são camufladas por discursos de defesa ecológica em prol de um lugar mais saudável.

Entendemos que o espaço urbano possibilita a compreensão de fatos socialmente construídos, e se torna um estimulante, para a pesquisa e investigação social. Nos diversos modelos de sociedade é possível relacionar as teorias da produção do espaço, dentro da visão capitalista e observar também no prisma da política residencial, uma segregação social aprovada gentilmente pelo então agente regulamentador espacial: o ESTADO.

Com esta atividade de campo, a principal evidência das relações sócias espaciais está de fato, na busca do conhecimento teórico e na conferência empírica destas relações: homem - espaço. Ficam claras as transformações verificadas in loco de que o espaço não “é estático” e nem se resume ao tempo passado ou simplesmente ao futuro; mas, também nas transformações cotidianas perceptíveis ou não. Ele é dinâmico, complexo e sempre a resultante das intervenções sejam elas humanas ou não.

O Bairro Jardins criado a partir da implementação do shopping que leva o mesmo nome, especialmente sendo uma área antes insalubre para habitação de população, por se tratar de uma área de manguezal. A ação de construtoras com destaque a Norcon, o Bairro Jardins foi crescendo e se expandindo com algumas características peculiares, dessa forma, podemos notar em um passeio pelas ruas do bairro, como as áreas são selecionadas de acordo com a proximidade do shopping Jardins. Torna-se evidente que a proximidade do shopping faz com que os imóveis possuam uma estrutura diferenciada de outros na mesma área, agregando maior valor, quando se torna objeto de desejo, e consumo da classe media Aracajuana.

Podemos citar como exemplo, de condomínios como o Mares do Sul, Verdes Mares, Campo Belo, Ilha Bela, entre outros todos esses foram construídos antes dos shoppings e possuem uma maior distancia do shopping se comparados com condomínios de luxuosos como o Horto da Figueira e Horto do Ipê, enquanto que os primeiros não passam de condomínios com uma baixa verticalização, os outros dois são de um alto padrão.

A disputa por “estatura” predial fez com que os condomínios: Mares do Sul, Verdes Mares, Campo Belo, Ilha Bela ficasse escondidos, devido a construção de outros condomínios na área do Bairro Jardins. Já os condomínios: Horto da Figueira e Horto do Ipê ficaram quase vizinhos ao shopping possuindo assim uma maior valorização. Existe aí uma segregação entre populações de condomínios situados no mesmo bairro, porém, de diferente localização privilegiada da proximidade do shopping, gerando um valor agregado do condomínio, como um determinante para moradia próxima ao shopping quem tem maior poder aquisitivo elevado.

A praça deste bairro está bem equipada com instrumentos de exercício fisco, gramado, árvores, bancos, coletores de lixo, placas de incentivos a uma educação ambiental e vida saudável. O que nota-se certa discriminação espacial com as demais áreas da cidade que não apresenta condições mínimas de habituar o cidadão a visitar tais espaços sociais e dele desfrutar plenamente.

Uma área que alavanca a construção de condomínios e edifícios luxuosos, situada na nova avenida que leva o nome de um empresário sergipano Oviedo Teixeira, fundador da Norcon. Passa na lateral de um Parque urbano que é popularmente conhecido por Parque da Sementeira; nessa área que também se situa no Bairro Jardins, está sendo criado edifício de alto luxo para a classe alta, sendo selecionada uma área privilegiada, em frente ao parque sem ter nenhum prédio a sua frente, é importante salientar que o Estado como agente regulamentador das ações do capital, ajuda a segregar quando cria condições favoráveis para a instalação e especulação das imobiliárias.
   
Analisar as transformações espaciais, a partir da localidade e realidade individual do estudante é uma tarefa impa na atividade acadêmica. A dinâmica da sociedade e das forças modeladoras dos espaços se renovam constantemente em implementações de projetos que interfere na organização da cidade. Faz-se necessário que o aluno interprete se tais alterações correspondem a uma expectativa de melhoramento das inter-relações sociais, capaz de reproduzir-se em diferentes territórios completamente diferentes, porém com resultados positivos e duradouros, nós estamos consciente da contribuição da geografia urbana, na interpretação de acontecimentos históricos e contemporânea, como também nas sugestões de soluções espaciais político, ambiental e socialmente correto.



REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


FRANÇA, Vera Lúcia Alves. Aracaju: Estado & Metropolização. São Cristóvão: Editora UFS, 1999.
PORTO, Fernando. A cidade do Aracaju (1855-1865) – ensaio da evolução urbana. Vol. II, Aracaju: Coleção Estudos Sergipanos, 1945.
MACHADO, Anselmo Belém. O espaço construído do “Bairro” Jardins: Estratos sócio econômicos e ilha de segregação (I), Informe: UFS  23/10/2000.
CORRÊA, Roberto Lobato. O Espaço Urbano. Ática, São Paulo, 1981.
SPÓSITO, Maria Encarnação Beltrão. Capitalismo e Urbanização/ Maria Encarnação Beltrão Spósito. 11 ed. – São Paulo: Contexto, 2001

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